Advogada e professora universitária
Pelo
título o leitor poderia ser induzido a concluir que o presente texto seria um
tanto quanto melancólico ou mesmo “chato” para se ler, mas na verdade o
texto apenas quer lembrar que o(a) professor(a), esse ente fantástico, cheio de
saber, intocável (!?), também é gente.
É isso que se pretende mostrar com o presente texto.
Alguns alunos pensam que o professor(a) é um ente intangível, imaculado,
repleto de conhecimento e ao mesmo tempo de frieza e dureza.
Não!
Professor(a) também é gente.
Professor(a) chora, ri, tem dor de cabeça, fica doente, casa. É professor(a)
também casa, tem casa, tem filhos...
Professor(a) sente. Sente fome, sente dor, sente frio, calor, sente vontade de
fazer xixi...
Professor(a) dorme.
Professor(a) dorme ?? Aquele mestre de sabedoria, o poço de conhecimento, ele
dorme ?? Mas tantas vezes ouvimos o professor dizer ao aluno que reclama não
ter tempo para estudar: O que você faz da meia-noite às cinco ?? Bem, você eu
não sei, mas o(a) professor(a) muito provavelmente dorme, mesmo porque sem uma
boa noite de sono, não há sabedoria que resista.
Professor(a) também paga conta. Paga ?? Professor(a) também tem conta pra
pagar, água, luz, telefone, aluguel, condomínio, impostos. É tanta coisa para
pagar.
Professor(a) também trabalha. Trabalha ?? É professor(a) trabalha. Muitas
vezes pensamos que o mestre já tem conhecimento suficiente e que não precisa
fazer mais nada, aprender mais nada. Pobre do professor(a) que assim pensar....
O(a) professor(a) está em constante atualização (ou pelo menos deveria), ele
estuda, participa de seminários, congressos, cursos, pesquisas, este ser
chamado de “mestre” não é mestre ao acaso, ele se dedica, discute,
aprende, sabe ouvir e falar na oportunidade certa.
Acostume-se: o(a) professor(a) não sabe tudo.
Não ?!
Não.
O(a) professor(a) não sabe tudo. Ele(a) está em constante atualização, mesmo
porque atualmente estamos em constante mudança. Vejamos, nossa era é pós-cibernética,
voltada ao conhecimento global, pesquisada e experimentada, com novas
tecnologias e novas oportunidades surgindo a cada dia novas tendências, novos
comportamentos e novos conceitos até então desconhecidos (pensemos um pouco no
impacto que a manipulação do DNA está trazendo à humanidade), dessa forma,
impossível é saber tudo.
Na verdade o esforço do(a) professor(a) é trazer ao aluno(a) uma história (e
sempre tem história) do conteúdo a ser abordado e mostrar ao aluno como agir
hoje face aquele novo conhecimento, deixando sempre claro que estamos em
constante mudança e que a mudança sobre aquele tema poderá ter um efeito a
longo, médio ou curto prazo.
O(a) professor(a) deve ser sensibilidade para entender que, atualmente, no
processo ensino-aprendizado, existe muito mais que a simples sala de aula, o
quadro e as carteiras, existe um mundo de conhecimentos.
Assim, o(a) professor(a) deve se dedicar na missão quase que divina de ensinar,
compreendendo os limites e necessidades prementes.
Voltando ao tema “professor(a) também chora”. Aproveito o ensejo para dizer
que o(a) professor(a) não tem como saber o que está se passando pela sua vida
pessoal. Se o seu cachorro morreu, se você bateu o carro, se descobriu que está
sendo traído(a) ou se “pegou” uma virose, não desconte em seu
professor(a), ele(a) efetivamente não sabe do que se passa em sua vida pessoal.
Atenção: o professor(a), definitivamente, não sabe o que se passa na vida
pessoal de seus alunos(as), a não ser que esses alunos(as) contem ao
professor(a). Essa informação é relevante e deveria ser lembrada todo início
de aula.
Outra informação importante: O(a) professor(a) não persegue ninguém (pelo
menos nesta parte falo por mim em particular).
Ademais, o professor(a) não tem a obrigação de lembrar de todos os seus
alunos, nem dos nomes de seus alunos, isso é fato. Alguns professores(as) são
brilhantes além de saber “tudo” sobre a sua matéria ainda decoram o nome
de todos os seus alunos(as), entretanto, não é o que ocorre com a maioria.
Lembre-se disso.
Feitas essas considerações, podemos dizer com clareza e firmeza: Professor(a)
também é gente. E também chora.